Enquanto os novos jovens rebolam e descem até o chão com os novos ritmos eletrônicos, misturebas de funk, brega e sei lá mais o que, eu, cafona por natureza, me afundo ainda mais em clássicos, em rock antigo, em mpb. Tenho me sentido obsoleta, como se eu ainda insistisse em passar telegrama, quando todo mundo tecla compulsivamente seus i-phones, postando tudo que se passa em sua vida. Compartilhando e curtindo tudo e todo mundo. A coisa ficou sem filtro.
E quem vai entender isso? Como exigir que alguém saiba o significado de romantismo nesse novo mundo pequeno de tempo, de espaço, de sentimento. Nesse novo cenário onde tudo é careta, é piegas, é brincadeira, é poesinhazinha barata de pára-choque de caminhão. É burrice gostar de alguém, se dedicar a alguém, e sofrer por alguém então é o cúmulo nos dias atuais. É o atestado de otário em nível máster.
O que era amor vira
paixão, o que era paixão vira curtição, que vira sacanagem, que vira
status alternativo no facebook. Vira tudo piada nas rodas de amigos. Os
carinhas se gabam de quantas menininhas traçaram, as menininhas se gabam
do tanto de carinhas que beijou e agora suruba é normal. E ai vai ter
um monte de gente que nem sabe definir seu estado civil, porque no fim
das contas fica todo mundo com todo mundo e sozinho ao mesmo tempo. Um
monte de coração acostumado a ter algo intenso que vira quase nada,
porque no fim das contas, foi tudo uma brincadeira, um joguinho bobo
mesmo. Porque brincar com corações deixou de ser perigoso e zona
proibida, e passou a ser parque de diversões. Afinal, tá tudo certo,
ninguém nunca morreu por causa disso.
Se você diz que gosta, você é carente. Se você assume que ta apaixonado, você é infantil. Se você sofre quando é largado, você é burro. É como se o que era dor virasse vaidade, e os sentimentos embaralhassem todos, porque qualquer demonstração de afeto virou draminha e sofrimento desnecessário.
No fim das contas, o que sobra é um monte de gente desencontrada, com um monte de ‘quase’ relacionamentos na bagagem. Com um monte de medinhos de amar, de se dar, de ser feliz, de se dedicar. Ninguém confia mais em ninguém porque ela mesmo não é confiável, e vive por ai aprontando em terrenos de corações alheios. O que sobra é um monte de gente adestrado, com manual de instruções de como entrar e sair de relacionamentos sem se envolver (como se isso fosse possível), e o outro que trate de dar conta de si. Um monte de gente bem educado. Pra não amar ninguém.
Se você diz que gosta, você é carente. Se você assume que ta apaixonado, você é infantil. Se você sofre quando é largado, você é burro. É como se o que era dor virasse vaidade, e os sentimentos embaralhassem todos, porque qualquer demonstração de afeto virou draminha e sofrimento desnecessário.
No fim das contas, o que sobra é um monte de gente desencontrada, com um monte de ‘quase’ relacionamentos na bagagem. Com um monte de medinhos de amar, de se dar, de ser feliz, de se dedicar. Ninguém confia mais em ninguém porque ela mesmo não é confiável, e vive por ai aprontando em terrenos de corações alheios. O que sobra é um monte de gente adestrado, com manual de instruções de como entrar e sair de relacionamentos sem se envolver (como se isso fosse possível), e o outro que trate de dar conta de si. Um monte de gente bem educado. Pra não amar ninguém.
Texto citado na série Papo de Mulher no tema Medo de Relacionamento.



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